sábado, 13 de setembro de 2014

Só menos um texto de amor

Achei que eu não viveria um amor. Achei que os homens bons não existiam. Achei que oportunidades só apareciam para sortudos. Ou mesmo para bonitos. Achei que tudo dava errado para mim. Achei tantas coisas que hoje me recuso á listar. Mas eu sinceramente achei, durante anos, que as coisas não aconteciam pra mim nesse aspecto amoroso. Durante esses mesmos anos, fiquei estática várias vezes á fitar o horizonte pensando sobre isso, me amaldiçoando - até eu internalizar a maldição.

Tempos depois, me senti amaldiçoada ao sentir o que eu achei que nunca sentiria. Senti amor. Senti toda a dor.

Um amor ridículo, como todos. Um amor que começou a partir de muito preconceito e ódio, talvez. Um amor que se manifestou com um doce, como um. Um amor esquisito. Um amor mais pra iô-iô do que sentimento. Um sentimento frustrante. Uma frustração constante. Uma constante violenta que levou um tempo até ficar constante. Foi como as fases de mudança de estado físico da água do sólido pro líquido pro gasoso. Depois gasoso. Depois intenso.

Passei por tantas cenas, tantas partes, tantos desastres com esse amor que nasce, cresce e (felizmente), morre. É... Vi que os nossos sonhos se realizam, em parte. A outra parte é ação de nossa parte e quando não sabemos agir, ficamos só por assistir o sonho mesmo. E assistir nem sempre é o tão esperado, o tão desejado.

Falando em sonhos, sonhei dormindo. Sonhei várias e várias vezes. Enchi o pulmão de ar e, consequentemente, meus olhos encheram de lágrimas. Aprendi que nunca deveria fazer tantas expectativas de uma coisa ou de alguém. Por mais que eu sentisse, pressentisse que aconteceria algo, aprendi a bloquear esses pensamentos, sentimentos e pressentimentos. Isso quebra a corrente. Isso bloqueia os acontecimentos.

E o pior: isso é coisa de gente apaixonada. Não se deixe levar. Só se deixe levar.

Passei, também, muito tempo tentando esquecer. Sair da lama, da fossa, do poço, do que quiser que fosse. E ainda tento. É difícil, é chato, é complicado... É ruim. Mas percebi que nada é tão ruim quando tomamos consciência do tal. As coisas se tornam mais cabíveis e, quanto mais cabíveis, mais aceitáveis. Quanto menos amor gastamos á toa, mais amor tempos pra dar. E aí, teremos alguém digno do nosso amor de verdade.

E essa lei vale para tudo! Ou, pelo menos, quase... Mas, por enquanto, eu não quero dar amor de flor-da-pele. Quero dar amor para os meus amigos, para a minha família e para as pessoas em geral. Essas coisas de paixão a gente deixa pra quando não tiver com o quê se preocupar.

Depois de passar muito tempo brigando com o tempo, hoje digo que o tempo é o melhor remédio. Mas a prática de hábitos saudáveis também é uma boa, como dizer "EU ARRASO!" todos os dias, tentar sempre sorrir, ser educado/a com as pessoas, etc. Porque, ás vezes, o melhor é o que tanto negamos. Tanto dizemos que não sentimos, que não queremos, que não podemos, que não devemos. Não, não e não. Aí pagamos as consequências disso: depois de muito negar até que as portas se fechem e que nós realmente não possamos mais olhar pra trás, é melhor aceitar que as portas estão fechadas por nossa própria causa e o melhor é encontrar outra porta e fazê-la abrir. Afinal de contas, depois de virar as costas, o que nos resta é caminhar para frente, seguir e viver.

Por isso, eu digo que esse só é menos um texto de amor. Porque hoje eu já não vivo para os outros. Hoje eu já não me baseio nos possíveis acontecimentos emocionais. Hoje eu me vejo outra poque hoje eu sou outra. Não mais dura, um pouco mais madura. E, também, um pouco mais brincalhona. Isso porque descobri que livre de certos pesos, ser você mesmo se torna mais leve.


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